Em 1681 um belga teria sido um dos precursores do comboio em Pequim, ao idealizar uma máquina auto-propulsora a vapor. Mas foi em 1769 que um militar francês, Joseph Cugnot, construiu em Paris uma máquina a vapor para o transporte de munições. A partir daí surgiu várias máquinas cada vez mais modernas e com utilidades cada vez maiores. Com a globalização, veio o maior conforto de aviões e automóveis e as ferrovias, pelo menos no Brasil, foram ficando ultrapassadas e sucateadas. Mas a globalização trouxe problemas como o congestionamento de carros em grandes metrópoles e o que antes era só lembrança dos tempos de império, hoje é apontado por muitos como a solução para a diminuição dos “engarrafamentos” e de gases poluentes à atmosfera.
Creio que seja do conhecimento de grande maioria da população que existe um projeto para a construção de um trem - bala que ligará dois estados com as duas maiores cidades brasileiras (São Paulo e Rio de Janeiro). O edital foi lançado dia 13, terça-feira, pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e pelo diretorANTT) em Brasília.
2016 deve ser o ano em que o Brasil entrará em um novo estágio de desenvolvimento, isso por que se a construção for concluída a tempo de transportar os turistas para a Olimpíada na cidade carioca, mostrará ao mundo um país mais preocupado com a qualidade de vida, com o meio ambiente, racionalidade de tempo e espaço e antenado com as tendências na área de construção e tecnologia.
O grande crescimento econômico por qual passa o Brasil levou a um aumento desenfreado na utilização das duas formas básicas de transporte de passageiros no país: Rodoviário e aéreo. A produção e venda de veículos batem recordes a cada ano (19,1 a mais no primeiro semestre de 2010 em relação ao mesmo período de 2009) e os aeroportos de Congonhas e Cumbica estão super lotados, causando frequentes atrasos nos voos. Para acomodar a crescente demanda por deslocamentos de longa distância, o Estado brasileiro, às vezes em parceria com a iniciativa privada, continua abrindo estradas e precisa ampliar seus aeroportos visando a Copa de 2014. Mas a opção pelo trem-bala ressuscita a opção ferroviária para o deslocamento de pessoas, em versão moderna, e reforça a noção de transporte coletivo. Carro, cada um usa o seu. O trem é sempre coletivo.
O trem seria uma boa ação também para o meio ambiente, tendo em vista que entre os meios de transporte mais usados (Automóvel, Aeronave e Trem) é o que menos polui e o que transporta o maior número de pessoas. Vem sendo a solução para o problema de grandes metrópoles como Madri.
De acordo com o edital, serão obrigatórias sete estações: Centro do Rio de Janeiro, Aeroporto do Galeão, Aparecida, Guarulhos, Centro de São Paulo (Campo de Marte), Aeroporto de Viracopos e no Centro da cidade de Campinas. Segundo o edital, mais duas estações serão “flexíveis” - uma no Vale do Paraíba fluminense (Volta Redonda/Barra Mansa) e outra no Vale do Paraíba Paulista (São José dos Campos) – de acordo com o edital caberá ao consórcio vencedor definir a necessidade da construção dessas duas novas estações. O projeto ainda prevê duas estações opcionais, em Jundiaí (SP) e em Resende (RJ). O edital ainda prevê que o valor máximo da tarifa não pode exceder R$ 0,49 por quilômetro na classe econômica. O governo federal vai oferecer um financiamento de R$ 19 bilhões ao consórcio vencedor por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além dos japoneses, grupos coreanos, italianos, franceses, alemães, chineses e espanhóis também devem entrar na disputa para a construção do primeiro trem-bala brasileiro.
A Espanha tem investido pesadamente no transporte ferroviário de alta velocidade na última década. Com isso, já reduziu significativamente o número de passageiros dentro de aviões e por tabela reduziu a emissão de gás carbônico. Segundo um especialista espanhol do setor, citado na época pelo jornal The Guardian, um passageiro de trem-bala representa um sexto de um passageiro de avião em termos de emissão de poluentes.
A opção por um em detrimento do outro representa racionalização de tempo e aumento de conforto para o passageiro, com o benefício de aliviar o impacto ambiental da crescente utilização de transporte para longas distâncias. A idéia do trem-bala brasileiro indica que o país está ampliando seus horizontes quando o assunto é deslocamento da sua população. O Brasil parece se aproximar do caminho já traçado por nações mais desenvolvidas. Avião, carros e ônibus deixam de ser as únicas alternativas nacionais, em uma mudança que pode levar ao surgimento de outros serviços ferroviários de passageiros.
Observação: Para assistir ao vídeo com maiores informações do projeto, clique aqui.
Abraço.
O presidente da Alstom no Brasil, Philippe Delleur, afirmou que fazer trens regionais de média velocidade em São Paulo seria o caminho "mais seguro e curto" para o Brasil chegar ao trem-bala.
Para ele, o problema está nas obras civis. As empreiteiras nacionais, disse, indicam que o valor dado pelo governo está subdimensionado. O projeto total está estimado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) em R$ 33,1 bilhões, sendo cerca de R$ 28 bilhões (valores de dezembro de 2008) em obras e desapropriações.
Delleur afirmou que as empresas já estão com dificuldades para conseguir recursos próprios, "equity", para ingressar como sócias. E, caso a obra fique mais cara que o previsto, serão necessários mais recursos próprios ou financiamento. O BNDES pode financiar até R$ 20 bilhões.
"Nossas conversas com investidores indicam que é muito difícil achar um valor tão grande de "equity" privado. Os investidores financeiros não vão colocar dinheiro se não houver um grande esclarecimento sobre o projeto. E, se o orçamento não é R$ 33 [bilhões], é R$ 50 [bilhões], aumenta o tamanho do problema a ser resolvido."
O tempo a mais até a nova data do leilão também será usado para fazer novos estudos sobre as conexões com outros sistemas de transportes, principalmente em São Paulo. Como é essencial que a linha de alta velocidade seja integrada, Delleur defende os trens regionais.
Teste da demanda
Pelos estudos, cerca de 70% da demanda do trem-bala virá de ligações entre as cidades paulistas. Por isso, diz, o ideal seria testar um sistema ferroviário nessas ligações, conhecer a demanda real e, só depois, passar para os trens de maior velocidade.
"Grande parte da demanda não fica entre SP-RJ, mas em volta de São Paulo. O projeto deveria trazer resposta a essa demanda existente e, para isso, o regional pode ser rapidamente feito, em três a quatro anos, captar a demanda, estabilizar e usar esses recursos para continuar o projeto de alta velocidade."
O governo federal tem projetos para vinte e uma linhas regionais no Brasil.
Os trens regionais têm velocidades máximas de 250 km/h, enquanto os de alta operam a até 350 km/h.
Fonte:Folha de S.Paulo
Concordo perfeitamente com a opinião do senhor. Delleur, quando especifica-se a prioridade de trens com velocidade de até 250 km/h que podem ser usados como trens regionais com alimentação em 3 kVcc e futuramente como trens TAV em linhas segregadas exclusivas com alimentação em 25 kVca em uma mesma composição, podendo ser de um ou preferencialmente os de dois andares (double decker) dos tipos com tecnologia pendular Acela ou Superpendolino que possuem uma capacidade de trafegar em curvas de raios menores, pois possuem um sistema de compensação de estabilidade de até (8º) 8 graus, adaptando-se melhor as condições brasileiras com reaproveitamento de energia elétrica na frenagem usando as mesmas composições para ambas especificações e padronizados em bitola de 1,6 m, exatamente como é em SP, MG e RJ entre outras cidades principais brasileiras.
Embora não existam no Brasil, estes modelos de trens são de tecnologia consagrada, e podem ser construídos no Brasil, pela maioria das montadoras aqui existentes.